ATA DA VIGÉSIMA QUINTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 04.08.1998.

 


Aos quatro dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e trinta e seis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Marçal Fortes Netto, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 145/98 (Processo nº 2428/98), de autoria do Vereador Paulo Brum. Compuseram a MESA: o Vereador Luiz Braz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Professora Célia Maria Plácido dos Santos, Assessora de Eventos da Secretaria Municipal de Cultura, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Marçal Fortes Netto, Homenageado; a Senhora Elaine Fortes, esposa do Homenageado; o Vereador Paulo Brum, 2º Secretário da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Paulo Brum, como proponente da Homenagem e em nome das Bancadas do PT, PPB, PSDB, PMDB, PSB e PPS, historiou sobre a vida pessoal e profissional do Senhor Marçal Fortes Netto, afirmando a justeza da presente homenagem e ressaltando o significado do trabalho de orientação espiritual realizado por Sua Senhoria. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, declarou que a iniciativa do Vereador Paulo Brum sensibiliza e engrandece este Legislativo, analisando a importância da tradição religiosa afro-umbandista dentro da sociedade brasileira. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, tecendo considerações acerca da liberdade religiosa constitucionalmente garantida no País, agradeceu ao Homenageado pela mensagem de amor e fraternidade divulgada através de sua atuação como orientador espiritual. O Vereador Luiz Braz, como Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre e em nome da Bancada do PTB, comentando os problemas enfrentados pelo ser humano na sociedade atual, destacou a necessidade do auxílio espiritual para a manutenção da harmonia e para a sobrevivência da felicidade humana. Também, relatou o primeiro encontro que manteve com o Senhor Marçal Fortes Netto. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Marisa Fortes que, em nome dos filhos de religião, saudou o Senhor Marçal Fortes Netto. Ainda, foram entregues flores e lembranças ao Homenageado. Após, o Senhor Presidente convidou o Vereador Paulo Brum e a Professora Célia Maria Plácido dos Santos para procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Marçal Fortes Netto, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu o Título recebido. A seguir, o Senhor Presidente registrou que a presente Sessão estava sendo registrada pelos Canais 20 e 40 de televisão. Ainda, foi realizada apresentação pelos grupos “Ilê de Xangô e Oiá” e “Rouxinóis da Zona Norte”. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Riograndense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas e doze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Reginaldo Pujol. Do que eu, Paulo Brum, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Sr. Marçal Fortes Netto.

Registramos a presença do Vereador proponente desta homenagem, Ver. Paulo Brum. Também estão presentes os Vereadores Isaac Ainhorn e Pedro Américo Leal.

Convidamos para compor a Mesa o homenageado, Sr. Marçal Fortes Netto, e a Sra. Célia Maria Plácido dos Santos, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Assessora de Eventos da Secretaria Municipal de Cultura.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.) 

 

É claro que em um dia em que estamos homenageando o nosso querido amigo Pai Marçal Fortes Netto, por proposição do nosso amigo Ver. Paulo Brum, não podemos deixar de convidar a Mãe Elaine para fazer parte de nossa Mesa.

 

(A Sra. Elaine é conduzida à Mesa.)

 

O Ver. Paulo Brum está com a palavra pelas Bancadas do PT, PPB, PSDB, PMDB, PSB e PPS.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meu querido amigo Pai Marçal Fortes Netto; representante do Prefeito Municipal, Profa. Célia Maria Plácido Santos; querida Mãe Elaine, a minha saudação muito especial.

Este é um momento de grande emoção, um momento de reflexão por termos o privilégio de propor esta homenagem a um querido amigo. Eu bati, assim como tantos outros, um dia, em sua casa, em busca de força, de revitalização da própria fé e esperança de melhores dias. Foi assim, meu querido amigo, que em 1988, fui levado por um amigo até a sua casa, onde o conheci. Daquele instante, nosso primeiro contato, para cá, o senhor não mudou nada. Continua com aquela mesma expressão de carinho e de força. Eu sempre digo que o Pai Marçal é um exemplo de fé viva. Fala-se muito em fé após a morte, mas o senhor transcende a tudo isso pela maneira com que conduz aqueles que o procuram.

Marçal Fortes Netto é natural do 5º Distrito de São Francisco de Assis. Nasceu na fazenda Vila Fortes, propriedade de seu pai. É filho de Assunção Rodrigues Fortes e de Judite Fortes. O Sr. Marçal mudou-se para Porto Alegre no dia 2 de março de 1945 e estudou no Grupo Escolar Apolinário Porto Alegre, no Colégio Nossa Senhora do Rosário e concluiu o segundo grau no Colégio Cruzeiro do Sul. O Pai Marçal começou a trabalhar na Diretoria da Produção Animal - DPA, da Secretaria Estadual da Agricultura. É casado com a D. Catarina Fortes, sua fiel companheira. Uma ressalva: dizem que atrás de um grande homem existe uma grande mulher, mas aqui não é bem assim. Aqui, ao lado de um grande homem, está uma grande mulher, sua fiel companheira, pessoa que complementa esse belo trabalho que o Pai Marçal vem desenvolvendo. Têm três filhos e um de coração: a Eliane, o Roberto, o Antônio Augusto e a Marli. Pai Marçal não chegou a concluir o curso de Veterinária. Cursou até o terceiro ano na UFRGS, mas concluiu o curso de Bacharel em Administração de Empresas na Faculdade Porto-Alegrense de Ciências Contábeis. Pai Marçal trabalhou na Secretaria de Agricultura durante trinta e cinco anos. Em 1966, iniciou sua vida afro-umbandista na Comunidade Espírita Oxalá Nagô, cujo Diretor e Babalorixá chamava-se João Carlos Monteiro de Lacerda, tendo concluído o seu aprontamento em 23 de junho de 1975. Permaneceu na sua casa-mãe até setembro de 1976. No ano de 1978, retomou suas atividades espiritualistas na Cidade de Viamão, fundando o Templo de Umbanda Nagô Reino dos Orixás, o TURNO, onde permaneceu até o início de 1980. A partir de abril do mesmo ano, o TURNO foi transferido para Porto Alegre, estabelecendo-se na Rua Dr. Francisco de Sá Brito nº 146, Bairro Partenon, onde permanece até hoje, já com sua sede própria. Foi lá que tive o prazer e a felicidade de conhecer meu querido amigo Dr. Marçal. Aposentou-se pela Secretaria Estadual de Agricultura em 9 de setembro de 1982, quando exercia a função de Diretor da Divisão Administrativa do Departamento de Produção Vegetal. No período de 1955 a 1968, foi membro ativo do Movimento Tradicionalista Gaúcho, exercendo o cargo de Coordenador da 12ª Zona, e, posteriormente, Presidente do Conselho do Movimento Tradicionalista da época. Foi também Patrão do CTG Estância da Saudade, Departamento do Glória Tênis Clube, durante sete gestões consecutivas. Em 1984, liderando um grupo de doze adultos e cinco crianças, mudou-se para o Projeto de Colonização Tucumã, da Empresa Andrade Gutierrez, localizado no Município de São Félix do Xingu, no sul do Pará, lá permanecendo até 6 de fevereiro de 1987, quando exerceu atividades no ramo do comércio. Mesmo longe do Rio Grande e dentro da selva amazônica, não abandonou suas atividades afro-umbandistas, pois sempre vinha para cumprir suas obrigações. Sob sua orientação espiritual, o Templo de Umbanda Nagô Reino dos Orixás conta com mais cento e trinta médiuns participantes de sua corrente. Presidiu o I e II Congressos Afro-Umbandista de Alvorada. Foi membro do Conselho dos Cultos Africanistas do CEUCAB. Presidiu o I Encontro de Umbanda e Africanismo de Passo Fundo. No ano de 1996, Pai Marçal recebeu o troféu Benemérito JOCAB - Jornal dos Cultos Afro-Brasileiros, em defesa da causa afro-umbandista. Recebeu também o troféu Luz e Caridade, do Centro Espírita de Umbanda Luz e Caridade, por serviços prestados à comunidade umbandista nesse ano de 1996, na XI Campanha do Natal da Criança.

Pai Marçal, como é conhecido no meio religioso, tornou-se um babalorixá reconhecido por seu trabalho espiritual, pela seriedade e lisura com que sempre trata os assuntos relativos a sua religiosidade, sempre visando ao bem e à caridade a quem dela necessita. Atualmente, Pai Marçal é Vice-Presidente da Fundação Moab Caldas, da qual é um dos sócios fundadores. Sempre disposto a colaborar com a causa religiosa dos afro-umbandistas, Pai Marçal tem o reconhecimento e o respeito por parte da maioria dos dirigentes espirituais das outras casas e, sempre que é chamado, participa de encontros e eventos em toda a região da Grande Porto Alegre.

Por tudo isso é que nós, Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, por unanimidade, concedemos o título de Cidadão de Porto Alegre ao meu querido amigo Pai Marçal. Que Deus ilumine o seu caminho. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra pelo PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Confesso que é um momento de engrandecimento desta Casa, de reconhecimento esta homenagem que hoje esta Casa presta em Solene Sessão, outorgando o título de cidadania porto-alegrense ao ilustre gaúcho Marçal Fortes Netto.

A iniciativa do Ver. Paulo Brum é daquelas que sensibilizam toda a Casa, sobretudo aqueles que têm um convívio muito próximo, e posso dizer carinhoso, que o chamam de “Pai Marçal”. Não foram poucas as vezes em que lá encontrei, na sua casa, naquela casa que permanentemente se encontra de portas abertas, os Vereadores Paulo Brum e Luiz Braz com suas esposas. Lá nos encontramos em momentos de grande importância, de grande densidade espiritual. E vejam como os fatos sofrem encadeamentos que, muitas vezes, a razão e a ciência não explicam. Lá na sua casa - e seria repetitivo, uma vez que grande parte dos que aqui estão freqüentam, são filhos, são médiuns naquela terreira - alguém poderia se surpreender ao ver um homem com formação universitária. Algumas vezes tem-se o preconceito de achar que a Umbanda se dissocia do conhecimento científico e de homens que tenham formação universitária. Mas isso é um equívoco, um preconceito com toda uma cultura e com toda uma construção religiosa e mística que conseguiu estabelecer e processar um sincretismo religioso de um somatório, de um conjunto de expressões de fé e de misticismo, conjugando valores de natureza religiosa e culturais, somando e dando exatamente nisso que é uma construção muito típica das nossas raízes, da nossa história e da nossa fé, que são os cultos afro-brasileiros.

Quando o Ver. Paulo Brum mencionava a trajetória, a biografia do nosso homenageado mais chamava a atenção, porque se observa do então jovem e sempre jovem, posso dizer assim, Pai Marçal o seu reencontro com a vida, com o sentimento de religiosidade, quando em 1966 se encontra nos cultos e na fé da tradição religiosa afro-brasileira e ele adere e se torna uma das grandes expressões. Para nós, seus amigos, é motivo de muito orgulho, porque nós o conhecemos como uma das maiores expressões vivas do Movimento de Umbanda do Rio Grande do Sul e do Brasil, mercê da sua garra, da sua determinação, da sua fé, da sua profunda religiosidade e do seu conhecimento, que transcende hoje as fronteiras do nosso Estado. É o reconhecimento. Para mim maior ainda. Mais tarde vim a descobrir, de uma forma surpreendente, num aniversário de sua família, ligações da minha família, do lado da minha esposa, com os familiares do Marçal, o que me surpreendeu: de repente, um reencontro numa cidade que se pode dizer uma verdadeira aldeia, onde nós ali fizemos esse processo de reconhecimento.

Hoje nós estamos aqui prestando esta homenagem ao cidadão, ao líder espiritual, aquilo que, na tradição talmúdica, nós chamamos de “guia espiritual”. Nós podemos, com absoluta tranqüilidade, dizer que, na tradição da corrente de pensamento expressa pelo Pai Marçal, ele também se constitui num grande e poderoso guia espiritual, a exemplo dos profetas que estão presentes lá, no Velho Testamento, e que se expressa hoje no complexo mundo moderno de conhecimentos científicos extraordinários. Surpreendentemente, nós, que em algum momento tivemos um questionamento ao sentimento de religiosidade, hoje, mais do que nunca, percebemos a profunda sabedoria e ciência do conhecimento religioso, sobretudo quando, há poucos anos, um físico ganhou o Prêmio Nobel de Física provando, cientificamente, que a descrição do livro de Gênesis era a expressão científica da origem do universo. Está lá, no livro de Gênesis. Isso nos emociona principalmente hoje, quando interpretações da própria Bíblia dizem que ela tem um código que expressa conhecimentos inclusive de natureza futurística. Por isso, no momento em que mais avançamos na tecnologia, quem sabe, ao adentrarmos, Pai Marçal, todos juntos, o terceiro milênio, nós processemos um entrosamento, cada vez maior, daquilo que há cinqüenta anos questionaríamos: os vínculos estreitos entre o que a ciência prova e aquilo a cuja verdade chegamos pelos caminhos da fé.

É por isso que a Câmara Municipal de Porto Alegre, Pai Marçal, e aqui expresso a posição da minha corrente partidária, do trabalhismo, do meu partido, o PDT,  faz o reconhecimento da sua figura, dessa extraordinária figura que, vinda lá da fronteira, da hoje não tão distante São Francisco de Assis, vem a Porto Alegre e honra as tradições do nosso Rio Grande, formando uma corrente espiritual que hoje transcende a Porto Alegre e ao Rio Grande do Sul, gerando respeitabilidade, dignidade, na busca de proporcionar alívio aos seres humanos, àqueles que chegam no dia-a-dia com as suas carências e o encontram naquele templo, naquelas casas simples e modestas, que foi a opção que fez o Pai Marçal, pois poderia morar em um apartamento em bairros requintados de Porto Alegre ou numa mansão, mas fez questão de atender ao nosso povo, à nossa gente simples, lá naquele bairro de trabalhadores, de gente simples, para atender os que mais necessitam de sua ajuda e de sua proteção.

É por isso, Pai Marçal, que esta Casa, que tem mais de duzentos anos de existência, se sente honrada em oficialmente, solenemente, outorgar-lhe o título de Cidadão de Porto Alegre, pois se hoje V. Sa. o recebe por força de uma lei, já tinha, há muito, o reconhecimento da nossa Cidade, do nosso Estado, dos seus amigos e dos rio-grandenses. Muito obrigado.  (Palmas.)

 (Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE:  Com a palavra, o Ver. Reginaldo Pujol pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) A formalidade diz que eu deveria agora saudar o homenageado Marçal Fortes Netto e a sua esposa Elaine Fortes, mas eu prefiro, quebrando o protocolo da Casa, simplesmente dizer: Pai Marçal e Mãe Elaine.

Meus Senhores, minhas Senhoras! Diz o pensador espanhol Ortega Y Gasset que o homem é o ser e as suas circunstâncias. E nesta linha, Ver. Isaac Ainhorn, V. Exa., que produziu um dos mais belos pronunciamentos nesta Casa que é rica em belos pronunciamentos seus, nesta linha, Ver. Paulo Brum, nós vivemos hoje uma circunstância singular. Somos o terceiro orador da homenagem de iniciativa de um dos mais laboriosos integrantes desta Casa - Ver. Paulo Brum - e que teve a abrilhantá-la o pronunciamento do quilate do produzido pelo Ver. Isaac Ainhorn. Além disso tudo, há um pronunciamento que se impõe nesta hora, e esse pronunciamento é de um representante de uma bancada que tem assento nesta Casa e que por vontade popular se restringe a um único representante, fato esse que esperamos modificar. Nessas circunstâncias, eu me recordo de Ortega Y Gasset para me inserir nesse contexto. Esta pequena bancada com assento neste Legislativo tem na liberdade o seu primar. Quando eu ouvi o brilhante pronunciamento do Ver. Isaac Ainhorn, mostrando até com muita sutileza a evolução que a sua presença no mundo espiritual de Porto Alegre e do Estado representa e contribui para a superação de uma série de obstáculos, de preconceitos, de resistências que eram impostos até há muito pouco tempo no que diz respeito a sua opção religiosa, quando eu venho saudá-lo como liberal, eu percebo o quanto é importante esse primado, eis que a partir dele todos podemos realizar-nos na plenitude, não só no campo material, mas especialmente no campo espiritual.

Feliz deste País, que consagra a liberdade religiosa como uma máxima constitucional. Feliz deste País, onde se pode, no momento, reunir uma Câmara de Vereadores repleta de representativas pessoas de sua comunidade a tributar justiça a um cidadão que já realizou profícuos trabalhos como profissional, como servidor público do nosso Governo Estadual, como diligente servidor da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul, um homem portador de título universitário, com cultura de terceiro grau e que se fortalece, a si mesmo, na medida em que, superando todos os estágios que nós, seres mortais, costumamos cultuar, se volta para dentro de si e esparge amor para toda uma comunidade, na qual ele se encontra inserido. Esta é uma comunidade em que nós, tementes a Deus, nós, mortais, nós, que acreditamos na imortalidade da alma, podemos ainda ter a esperança que o cético não tem, que os descrentes não possuem. É por isso que a circunstância que vivo no dia de hoje me gratifica profundamente.

Eu tenho na minha companheira - minha mulher, a mãe dos meus filhos - uma kardecista militante. Nela eu percebo algumas conotações que, às vezes, me levam a uma reflexão mais profunda. Nela eu vejo alguma coisa que me parece ser o segredo e quase que a “pedra filosofal”, aquela busca permanente que todos nós fazemos, que é o grande enigma do ser, que é o reconhecimento de que,  mortais, temos uma passagem pela terra, e se nós simplesmente acreditarmos, como os céticos acreditam, que essa nossa passagem é dissociada do conjunto muito mais amplo, não teria sentido que um homem na minha idade, beirando os 60 anos de idade, andasse pelo Rio Grande caminhando, discutindo, polemizando, pregando idéias, aprofundando posições. Afinal de contas, a regra natural dos seres nos indica que breve, muito breve, esse meu ciclo terreno vai-se terminar. Mas a coisa não fica só nisso. O senhor, que é culto, dá para a sua religião aquilo que há algum tempo não acreditavam que pudesse ter: a respeitabilidade, a credibilidade que apaga, de uma vez por todas, a crença de que a Umbanda é coisa de pessoas intelectualmente não-preparadas. O senhor dá esse lustro para a sua crença, para a sua fé e a reparte com seus filhos, com a sua companheira. O senhor é o homem que o saber do Ver. Paulo Brum, homem que teve adversidades na vida que a ciência médica não corrige, soube se socorrer no momento adequado. E o senhor não negou a sua solidariedade. É por isso que deixo de ler o que tinha preparado para dizer e lhe digo o que brota do meu coração, que começa com a mais simples das palavras: obrigado. Essa palavra tão pequenina, tão simples, diz tanta coisa, especialmente quando ela tem a inflexão da sinceridade. E acredito, assim como seus amigos e admiradores que estão aqui conosco, comprovo e reafirmo esse meu conceito de que hoje, mais do que nunca, é preciso que a nossa fé nos conduza para um mundo melhor, mais solidário, mais compartilhado, em que as pessoas se doem mais, sejam menos egoístas e renunciem, até mesmo, a algumas coisas que esta curta passagem pela terra nos oferece. E que plantem dentro dos corações, porque só assim nascerá o amor sem o qual religioso nenhum, temente a Deus, de qualquer ordem, poderá realizar-se na sua plenitude. O senhor é, nesse sentido, um professor, e não me enganei quando, desapercebidamente, ia fazer uma saudação com esse termo. O senhor é um professor da divina arte de instigar, estabelecer, fazer prosperar o amor, a fraternidade no coração de quantos vão buscar o seu socorro, aos quais certamente o senhor dirá: “Meu filho, o amor tudo releva e a compreensão tudo permite.”

Nós, que sabemos da nossa condição de ser finito, façamos desse exemplo maravilhoso do novo Cidadão de Porto Alegre, desse cidadão que enobrece a galeria dos cidadãos de Porto Alegre, façamos, do seu exemplo, a nossa cartilha e exercitemos as nossas atividades com amor, carinho, solidariedade e fraternidade. Era isso que eu tinha a dizer. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):  O Ver. Luiz Braz está com a palavra pelo PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Antes de saudar a Mesa e essa platéia maravilhosa, faço questão de dizer que, apesar de termos presente neste Plenário o Vice-Presidente da Casa, o Ver. Isaac Ainhorn, fiz questão de homenagear o Ver. Paulo Brum com a Presidência desta Sessão pela sua inspiração em oportunizar para todos nós este momento de homenagem a alguém a quem esta Cidade deve tanto, como é o caso do Pai Marçal. (Palmas.)

Saúdo o homenageado, Marçal Fortes Netto; a Sra. Célia Maria Plácido dos Santos, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; a minha querida amiga Mãe Elaine, que tantas vezes, tão gentilmente, já recebeu a mim e a minha família, lá em sua casa, junto com o Pai Marçal.

Estou aqui diante de algumas das pessoas que têm abrilhantado esta Casa com os seus pronunciamentos - algumas delas os senhores já ouviram: o nosso amigo, Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. Reginaldo Pujol, o meu amigo Paulo Brum, que tem tantas vezes, durante o seu mandato, enobrecido a nossa Casa com propostas que vêm realmente preencher lacunas no combate que todos nós pretendemos fazer aos males da sociedade. Uma pessoa que não se pronunciou hoje, mas que tenho como um dos grandes conselheiros que temos nesta Casa, um professor de oratória, é o nosso amigo Ver. Pedro Américo Leal. Agora temos a presença também do nosso querido amigo Ver. Pedro Ruas. Diante de todos esses professores em oratória, nós vamos falar para, depois, ouvi-los. Vamos fazer uma saudação ao nosso homenageado pelo muito que devemos ao Pai Marçal, à Mãe Elaine e ao meu amigo Beto, que ainda não foi citado aqui, mas é alguém que freqüenta a casa do Pai Marçal e não podemos olvidar a sua presença sempre prestimosa. Os agradecimentos que faço não os faço em vão. Faço parte desse turbilhão de pessoas que tantas vezes precisam se socorrer dessas casas de religião para poder receber um pouco de paz  e de orientação a fim de seguir avante na caminhada que todos nós precisamos empreender. São muitos os motivos. Se abrirmos os jornais, vamos ver, todos os dias, a descrição dos progressos da ciência, que fazem com que cada vez mais o campo de trabalho para todas as pessoas diminua, e as pessoas, cada vez mais, precisando se socorrer de alguém que lhes possa orientar. Abrindo esses mesmos jornais, vamos nos deparar com o processo irreversível da globalização da economia, que faz com que empresários, lá do outro lado do mundo, venham se servir do nosso mercado e, às vezes, como são mais competentes ou mais favorecidos pelos seus governos, acabam fazendo com que haja um processo gradativo de desemprego aqui em nossa região. Isso é normal. As insatisfações e problemas nos quais os homens estão mergulhados são os mais diversos. Motivos não faltam.

Fui levado, uma vez, não por esses motivos, Ver. Pedro Américo Leal, tenho que ser sincero, pois estou diante de amigos, mas pela curiosidade fui visitar a casa do Pai Marçal. Lá, eu e minha esposa, a Mara, fomos atendidos com as maiores gentilezas, como é costume deste casal maravilhoso, o Pai Marçal e a Mãe Elaine. Mas, quando íamos nos retirando com as mesmas dúvidas que sempre tivemos sobre os atendimentos que são feitos em todas as casas, não por causa daquilo que acontecia ali, pois não fizemos nenhum tipo de consulta espiritual naquele momento, mas, exatamente, pelo tipo de compreensão que tínhamos até então desse processo religioso, estávamos no corredor, saindo da casa do Pai Marçal, quando uma pessoa da corrente, acredito eu, nos alcançou e nos deu um recado que jamais vou esquecer: “Vocês estão sendo chamados pelo ‘chefe da magia’ da casa.” Achei meio engraçado o modo como a pessoa estava-se referindo ao Beto, que recebia o Imarabô, e o Imarabô queria nos dar um aviso. O aviso que o Imarabô dava, através daquela pessoa que nos alcançava no corredor, era que o carro que tínhamos estava em perigo de se envolver em um acidente. Sinceramente, Pai Marçal, já tive oportunidade de relatar esse fato outras vezes para o senhor, para a Mãe Elaine, para o Beto. O que pensei no momento foi o seguinte: “Certamente, querem nos prender junto à casa e estão nos avisando de um perigo que, na verdade, não estamos correndo; estaríamos correndo como qualquer outra pessoa.” Saímos dali com esse pensamento. Saí pensando que voltaria ali, talvez, para visitar o casal por causa da grande simpatia que encontramos naquele instante, mas não por necessidade religiosa. Isso ocorreu em uma sexta-feira à noite. No domingo, por volta de 12h, estávamos à mesa, almoçando, minha esposa e eu. Um dos meus filhos havia saído com o carro para buscar algo que havíamos encomendado para ele. Fomos surpreendidos por um telefonema que nos avisava que o nosso carro, que era uma Marajó, havia sofrido um acidente na travessia da Av. Aparício Borges com a Pedro Boticário. Após o ocorrido, só para tomarem conhecimento da gravidade do acidente, eu não consegui recuperar o carro e apenas o seguro que cobria o carro é que me devolveu parcela daquilo que ele valia. Mas, apesar da gravidade do acidente - porque o carro capotou várias vezes -, o meu filho e o companheiro dele, que estava junto com ele no carro naquele instante, nada sofreram. Não sofreram um só arranhão, e é claro que nós não poderíamos deixar, de jeito nenhum, de, naquele instante, lembrar daquele aviso que havia sido dado, não pelo Beto, mas pela entidade que ele recebia. Voltando lá, agora sim, já com interesses na orientação espiritual, o Bará Imarabô nos avisava que havia defendido o Rodrigo, que é o meu filho, e o seu companheiro naquele acidente, mas que nós deveríamos realmente nos precaver.

Esse relato poderia justificar que, no relacionamento futuro de toda a minha família, que começou a freqüentar a casa do Pai Marçal, pudesse haver aquilo que nós vemos em muitas outras circunstâncias, em tantas outras religiões, com tantas outras pessoas: a exploração da fé! Senhores, freqüentei a casa do Pai Marçal durante bastante tempo e sempre que tenho problemas maiores eu vou até o Pai Marçal, que é realmente o meu grande conselheiro. Nunca, na verdade, foi pedido, nem para mim, nem para ninguém da minha família, nenhum favor especial, nenhum obséquio especial. É um homem que vive realmente pela fé, que respeita a sua religião, que faz com que a sua fé seja servidora das necessidades de tantas e tantas outras pessoas que, como eu um dia precisei, precisam dos seus conselhos, precisam da orientação dos seus guias, precisam exatamente da orientação espiritual de que todos nós precisamos.

Só posso dizer, Senhoras, Senhores, Srs. Vereadores, que somente este fato, para não narrar outros, justifica o agradecimento que tenho que fazer, neste instante, ao Marçal e a toda sua família, dizendo “muito obrigado” por tudo aquilo que você já fez por mim e pelos meus. Muito obrigado, em nome de toda a sociedade, por tudo aquilo que você faz por tantas e tantas pessoas que vão lhe procurar exatamente em busca daquilo que nós encontramos: muita paz lá na sua casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Concedemos a palavra à Sra. Marisa Fortes, que falará em nome dos filhos de religião.

 

A SRA. MARISA FORTES: (Saúda os componentes da Mesa.) Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nada como acreditar em destino. Um dia, até bem distante, surgiu um homem para ser pai, mesmo que eterno enquanto dure, mas que será sempre o nosso eterno Pai Marçal. Era um homem comum, que talvez ainda não houvesse pensado que teria tantos filhos, tantos amigos e tantos admiradores. Até podemos afirmar que ele jamais imaginaria que seria exemplo de tanta gente, não somente pela sua pessoa, mas por seu caráter, bondade e sabedoria.

Sabemos que ele não pretende ser o dono da verdade, mas nós, seus filhos, o declaramos sábio, eterno e pleno. Para nós ele é e sempre será o Cidadão de Porto Alegre. Aliás, para nós, ele sempre será o cidadão do infinito. Ele vai dizer: “Imagina, eu não sou mais do que vocês!” Mas nós vamos dizer-lhe: “Pai, tu és. És nosso pai e nós te amaremos sempre.”

Se o título que recebeste te satisfez imensamente, para nós deu um orgulho muito maior, e desejamos que, por mais que vivas, saibas que ninguém vai te amar e admirar mais que nós e te desejamos milhões de felicidades e o alcance da plenitude. Que todos os Orixás te abençoem, iluminem e que te tornem um deus entre os mortais, pois esse é nosso pai. Te amamos.

Teus filhos, amigos e todos que te amam. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum, autor desta homenagem, é convidado para entregar o título de Cidadão de Porto Alegre ao Pai Marçal Fortes Netto.

 

(É feita a entrega do título de Cidadão de Porto Alegre.)

 

A representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Prof[T1] a. Célia Maria Plácido dos Santos, fará a entrega da medalha de Porto Alegre ao homenageado.

 

(Procede-se à entrega da medalha.) (Palmas.)

 

É claro que, por mais que os oradores tenham sido brilhantes, as pessoas que vieram hoje a esta Casa estão desejosas de ouvir o homenageado. Este é o ponto culminante desta solenidade.

Com a palavra, o nosso homenageado, Sr. Marçal Fortes Netto.

 

O SR. MARÇAL FORTES NETTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.)  Meus irmãos, não é fácil falar de espiritualidade, de materialidade, esses dois aspectos que são inerentes a nossa universalidade. A criatura humana é sempre dupla - sua parte física, sua parte espiritual. A sua parte física, quando necessita, deve ser tratada por quem competência para isto tenha. Por isso, nossa orientação, sempre que necessário, é a procura da ciência médica para tratamentos, cirurgias ou qualquer outro tipo de doença física que possa acometer alguém. Quando se trata da parte espiritual, sempre dizemos a todos que podemos e que temos, dentro dos nossos rituais, condições de fazer este acompanhamento e que para isso pesquisamos, estudamos e consultamos o além. Consultamo-lo através de guias espirituais, através de entidades de trabalho que às nossas casas vêm para dar o aconselhamento, a indicação daquilo que a pessoa pode e deve fazer para amainar seus caminhos.

Nós preparamos alguma coisa por escrito, mas foram tantas as manifestações, tantas palavras lindas, comoventes, que calaram fundo, como o pronunciamento do Paulinho, Paulo Brum, nosso querido amigo, contando a nossa história... O amigo Isaac Ainhorn também. Suas palavras calaram fundo. Nosso amigo Reginaldo Pujol também nos deixou comovido por aquilo que nos disse. E o nosso amigo Luiz Braz esteve tecendo loas que muitas vezes são merecidas, muitas vezes não há necessidade.

Eu queria dizer que, ao receber a insigne honra de ser considerado Cidadão desta mui leal e valorosa Cidade de Porto Alegre, sejam nossas primeiras palavras de sincero agradecimento, muito comovido, aos senhores e senhoras edis desta Casa. Especialmente quero dizer ao Paulinho, amigo e filho, freqüentador do nosso templo: Paulo Brum, tu conseguiste de todos o recebimento de tão elevado galardão. Falar sobre nossa pessoa é tarefa que menos atrai, porém é necessário dizer que o honroso e sublime título que ora recebemos traz, no seu bojo, uma responsabilidade muito grande, que, a partir de agora, passamos a ser parte integrante de um seleto grupo de gaúchos e brasileiros que, nascidos fora de Porto Alegre, aqui vivem e desenvolvem suas atividades visando ao engrandecimento de nossa bela, magnífica e risonha Capital. Quanto ao mérito de tão elevada comenda, ao sermos considerados honorificamente Cidadão de Porto Alegre, atribuímo-lo à bondade e benevolência dos integrantes da nossa edilidade ao aceitarem a proposição do Ver. Paulo Brum. Contamos com o apreço e amizade de diversos membros deste Parlamento. Por receio de omitir ou deixar alguém fora de citação, deixamos de fazê-lo. Entretanto, aqueles que nos conhecem e privam conosco sabem da amizade e lealdade que lhes dedicamos.

Queremos declarar, meus irmãos, neste momento, que atribuímos o recebimento desse enobrecedor título por nossa condição à nossa atividade que desenvolvemos como babalorixá do culto afro-brasileiro, para a qual fomos iniciados por nosso saudoso Babalorixá João Carlos Monteiro de Lacerda - João Nagô -, que nos ensinou e orientou sobre os principais fundamentos do ritual que hoje praticamos no Templo de Umbanda Nagô Reino dos Orixás e também por profunda gratidão aos nossos orixás e guias e trabalhadores do plano espiritual por todas as graças que deles temos e continuamos a receber.

Permitam-nos, agora, dizer que a nossa vivência foi e continuará sendo simples e que continuaremos a procurar desincumbir-mo-nos o melhor que pudermos de todos os mistérios e missões que nos forem confiados, tanto na vida comunitária, profissional, social e, principalmente, religiosa.

Ao agradecermos a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, tornaram possível este momento de tanta glória e satisfação que estamos vivendo, queremos lembrar com muita saudades de nossos pais: Assunção Rodrigues Fortes, Judite Finamor Fortes, que, com belíssimos exemplos, nos mostraram e ensinaram como trilhar o caminho da honradez e do bem, não poupando esforços para proporcionar a seus filhos o que fosse necessário para serem cidadãos corretos, úteis à sociedade e cumpridores de seus deveres. Por tudo que nos propiciaram, são para nós inesquecíveis e deles sempre sentiremos falta e rogamos permanentemente aos nossos orixás que os tenham em seu reino. Somos quatro irmãos - com a graça de nosso Criador, todos vivos: Maria Julieta Fortes da Jornada, Tenente-Coronel Francisco Brasil Fortes, casado com Dulce Maria Alves Fortes, nós, e Dezidério de Jesus Fortes. Aos nossos netos, sobrinhos e demais familiares aqui presentes, queremos agradecer a amizade e o carinho com que sempre nos distinguiram.

Pedimos vênia a todos os presentes para, neste momento, elevarmos nosso pensamento ao Excelso Criador, para agradecer-lhe por nos ter dado essa família que tanto amamos e respeitamos e, ainda, por ter colocado ao nosso lado essa maravilhosa, doce e terna criatura que há quarenta e três anos nos dá apoio e aconchego, auxiliando-nos em tudo que se faça necessário para cumprirmos com exação a missão confiada a nós nesta vida. Nunca faltou de sua parte uma palavra de conforto, incentivo e carinho nos momentos em que tínhamos de enfrentar óbices colocados à nossa frente. E para ti, Catharina Elaine Valle Fortes - Elaine de Iansã -, nesse momento sublime, nós dizemos: obrigado, querida, amada, fiel esposa e companheira; rogo e suplico a tua Mãe Iansã e a nosso Pai Xangô que nos dêem vida e saúde para que possamos continuar a desfrutar e usufruir por muito tempo ainda a nossa união.

Rogamos paciência aos presentes. Pedimos permissão para falar sobre os nossos filhos carnais e de religião.

Eliane Valle Fortes Rodrigues - Eliane de Iemanjá, filha carnal e de religião, que, juntamente com o seu esposo Hamilton Muller Rodrigues, Bito do Hangô, nosso primeiro Filho de Santo, que nos auxiliam e acompanham permanentemente de forma direta, efetiva e afetivamente. Roberto Valle Fortes, Beto do Nagô, filho carnal, irmão de religião e herdeiro espiritual, que, juntamente com a nossa nora e Filha de Santo Marisa da Costa Fortes, Marisa de Iemanjá, é aquele que está constantemente ao nosso lado, amigo fiel e incondicional, zelando sempre por nossa saúde, conforto e bem-estar, colocando nossas necessidades à frente das dele mesmo. Antônio Augusto Valle Fortes, filho carnal, que nos dá grande alegria por ser cidadão honesto, correto e cumpridor de seus deveres, que, por motivos que aqui não compete analisar, não participa do nosso templo. Marli de Fátima Valli, Marli de Iemanjá, Filha de Santo e de coração, que, com muito carinho e desvelo, se preocupa em nos proporcionar a necessária tranqüilidade em nosso viver. Maria de Fátima Albuquerque, Fafá da Oxum, parente que se tornou Filha de Santo, que, sabemos, com certeza, se preocupa e sempre procura cercar-nos de muito afeto e carinho. Maria Roseli Martins, Maria de Iansã, nossa Filha de Santo, dirigente do Templo de Umbanda Nagô Ogum Sete Ondas, com sede no Município de Cidreira, onde desenvolve intenso trabalho comunitário. Nira Guterres da Rocha, Nira da Oxum Pandá, também nossa Filha de Santo, que dirige, aqui em Porto Alegre, o Templo de Umbanda Nagô Reino de Oxum Pandá, onde também desenvolve um belo trabalho comunitário.

Queremos aproveitar para dizer a todos os integrantes da corrente espiritual do Templo de Umbanda Nagô Reino dos Orixás que recebam nosso agradecimento franco e sincero pela maneira ativa e diligente com que nos auxiliam e participam das atividades sociais, comunitárias e ritualísticas do nosso templo. Para aqueles que esperavam ouvir uma peça de oratória, narrando atos e fatos, heróicos ou legendários, pedimos escusas pela singeleza e simplicidade de nossas palavras. Ao renovar o nosso comovido agradecimento aos excelentíssimos Senhores e Senhoras Vereadoras, elevamos o nosso pensamento aos nossos orixás, suplicando-lhes que continuem a protegê-los a fim de que consigam alcançar seus nobres objetivos idealizados.

Pouco antes de encerrarmos a nossa participação, gostaríamos de pedir que todos façam uma mentalização ao nosso Criador, pedindo-lhe que crie para a vida de cada um de nós, para cada um dos que aqui estão, um lindo jardim de onde possamos colher os mais belos e perfumados botões de rosa para colocá-los na mão de cada um, dizendo muito obrigado pela presença. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não posso deixar de registrar as presenças de dois amigos da Imprensa: a Dilce, do Jornal JOCAB, e também o Paulão, que está nos Canais 20 e 40, nos horários das 18h30min, terça-feira; quinta-feira, às 17h30min; domingo, às 0h30min, e segunda-feira, às 23h, porque estou vendo que toda a cerimônia está sendo registrada e certamente teremos esses detalhes no programa do Paulão, no Canal 20 e no Canal 40.

 

(Apresentação dos grupos “Ilê de Xangô e Oiá” e “Rouxinóis da Zona Norte”.) (Palmas.)

 

 (Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

 

(Encerra-se a Sessão às 19h12min.)

 

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